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A RELAÇÃO DAS JOIAS COM A CENA DO HIP HOP, TRAP E CULTURA STREET

Dentre tantos códigos de moda que surgiram, adaptaram-se e foram difundidos juntos da Cultura Hip Hop, conseguimos observar que as joias estiveram presentes e continuam sendo objeto de desejo dos adeptos ao Hip Hop. Mas por que as joias foram e continuam presentes nas produções, letras e videoclipes dos rappers e trappers mundo a fora?

Se analisarmos a história da humanidade, podemos notar mudanças comportamentais e de valores em toda parte. Algo que foi relevante há algumas décadas atrás, hoje já pode não importar tanto assim.

Uma das poucas coisas que não mudou com o passar dos anos foi o valor percebido das joias. Elas sempre representaram e vão representar uma única coisa: PODER.

Para entender isso, vamos ter que voltar um pouco no tempo.

 

MANSA MUSA E O IMPÉRIO MALI
A percepção do que as joias representam não nasceu dentro do capitalismo moderno e muito menos é algo moldado apenas pela visão euro-cristã. Ainda no Século XIV, o Rei Africano Mansa Musa, adorava ostentar sua riqueza através das joias, principalmente itens feitos de ouro. Isso, claro, como forma de reafirmação de poder. Ele é considerado o homem mais rico de todos os tempos e governou o Império Mali por 25 anos.

Só pra você ter uma ideia, a revista Money classificou as pessoas mais ricas de todos os tempos em uma lista. E em segundo lugar estava Augusto, imperador e fundador do Império Romano. Nessa época, o Império Romano possuía de 25% a 30% do PIB Mundial. E Mansa Musa estava acima disso. Ainda segundo a revista Money, ele foi mais rico do que qualquer pessoa possa descrever.

A fortuna do Rei vinha da quantidade de ouro disponível no território Mali, a qual historiadores e economistas afirmam que passava dos trilhões de dólares.

O INÍCIO DO HIP HOP E A RELAÇÃO COM AS JOIAS
Na década de 80, em paralelo a música, resistência e posicionamento político, o cenário do Hip Hop criava sua própria identidade através da moda. E tinha Dapper Dan como grande expoente, que recriava à sua maneira peças de grandes maisons. A busca pelo luxo mostrava-se ser um ponto-chave que estava emergindo na Cultura Hip Hop.

O cenário de pobreza e violência do Bronx e Brooklyn, onde o Hip Hop dava os primeiros passos, servia de motivação para a busca por melhores condições de vida. Para contrastar com esse cenário e como forma de afirmação social, algumas pessoas ali começaram a vestir casacos, jaquetas, tênis e outros artigos de grifes. Jamel Shabazz, testemunha ocular dos primórdios da cena Rap e Hip Hop nos Estados Unidos, fez grande parte dos registros que ajudam a recriar e documentar essa época.

Os acessórios também seguiam essa linha do “mais é mais”. As correntes, inicialmente finas de ouro ou prata ganhavam novas dimensões conforme os anos se passavam, denotando essa ideia de ostentação, de poder e riqueza que tanto se buscava. O “sonho americano” se materializava nessa população através disso. Os dedos cheios de anéis, braceletes nos pulsos, cordões no pescoço e grillz nos dentes, ostentavam essa acensão social que algumas pessoas estavam vivendo na época. E inconscientemente, talvez buscavam saciar essa busca pela felicidade, de ser visto, de ser notado.

Ainda nessa época, o Run-DMC usava correntes douradas acompanhadas das suas jaquetas de couro e adidas nos anos 80, fazendo com que a marca de fato notasse esse segmento como um público promissor.

Nessa linha histórica que traz Dapper Dan recriando peças de grandes maisons, passando pelo Run-DMC e a sua tão bem sucedida parceria com a adidas, chegamos a Pharrell Williams que emplaca colaborações com marcas de luxo, trazendo correntes em prata e ouro com toques personalizados, combinados a sua visão vanguardista como artista.

As jóias que acompanham o look dessas personalidades representam mais que meros acessórios, são sinais de conquista, do escapismo da violência dos guetos norte-americanos e das suas vitórias individuais dentro do sistema capitalista e da supremacia branca, que historicamente oprimiu as comunidades negras nos Estados Unidos, no Brasil e no mundo.

Hoje, funcionam como afirmação e representam seus troféus por toda resistência, luta e força.

Grande parte do “boom” dessas joias são facilmente observados nos clipes da virada do milênio, Missy Elliott, por exemplo, usava grandes argolas douradas que faziam par com gloss nos lábios. Isso dava início, também, ao fortalecimento das mulheres dentro da cena urbana.

FONTE: https://www.kacewear.com.br/blogs/conteudo/a-relacao-das-joias-ice-com-a-cena-do-hip-hop-trap

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